Setembro Amarelo: intervenção psicoeducativa propõe desmistificar o tema suicídio entre colaboradores do Hospital Metropolitano
Durante todo mês de setembro, os profissionais de Psicologia do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade gerenciada pela Fundação PB Saúde, estão promovendo a campanha Setembro Amarelo. O objetivo é conscientizar os profissionais das áreas assistenciais e administrativas sobre a valorização da vida e prevenção ao suicídio. Este já é o quarto ano consecutivo que a campanha Setembro Amarelo acontece na unidade hospitalar.
De acordo com a coordenadora de Psicologia do Metropolitano, Vaneide Delmiro, o foco da campanha deste ano são os colaboradores da instituição e a ideia proposta foi realizar uma intervenção psicoeducativa, o “Psi Stop”, nos diversos setores do hospital. A dinâmica propõe uma troca de saberes por meio de um quiz com verdades e mitos sobre comportamentos relacionados a ideação e tentativa de suicídio. “Estamos levando essas intervenções aos setores para compartilhar mensagens de autocuidado e de cuidado com o outro. Por meio do diálogo sobre o tema, buscamos despertar nos profissionais um olhar mais atento aos possíveis sinais de demandas de saúde mental, focando na prevenção ao suicídio”, esclareceu a psicóloga.
Os colaboradores que foram abordados durante a intervenção receberam kits com bombom, lacinho amarelo da campanha e um calendário com dicas de cuidado com a saúde mental para cada dia da semana. Além disso, os psicólogos(as) da unidade hospitalar confeccionaram um grande laço de balões amarelos que foi exposto na recepção principal, expuseram mensagens sobre o tema no refeitório, instalaram uma grande faixa amarela com o slogan do Setembro Amarelo no espaço de convivência da unidade e espalharam mensagens alusivas à campanha nos displays de todos os setores do hospital.
A auxiliar administrativa, Érika Soares, que atua no setor de Recursos Humanos da unidade e estava presente no momento do “Psi Stop”. “Eu achei essa ação muito importante, com esse quiz conseguimos aprofundar os conhecimentos sobre esse tema que é tão sensível. Muitas vezes, vivenciamos situações próximas e não sabemos como lidar. Depois dessa intervenção, já aprendi melhor como agir nessas situações, me fazendo presente e me comunicando para trazer a pessoa mais pra perto e assim acolher quem estiver precisando”, discorreu a colaboradora.
De acordo com a gerente hospitalar de atenção à saúde, Kariny Lisboa, é fundamental a busca pela desmistificação do tabu relacionado ao tema suicídio, e a relevância de estratégias de valorização da vida. “Este é um momento bastante oportuno para se conversar acerca do assunto. Na minha visão precisamos caminhar no sentido de não deixar que o suicídio permaneça nesse lugar de silêncio. Por isso a ideia dos profissionais é trazer o tema e permitir que as pessoas conversem de uma forma ampla e aberta, temos visto com isso os bons resultados”, acrescentou.
Ao longo das conversas possibilitadas pelo “Psi Stop”, o mito de que as pessoas que tentam, ou executam, o suicídio tem transtornos mentais anteriores foi esclarecido. A resposta que os profissionais de Psicologia deram para esta afirmação, foi que a tentativa de suicídio é desencadeada por questões multifatoriais, ou seja, várias causas podem contribuir para que ela aconteça, como fatores econômicos, sociais, culturais e espirituais.
O psicólogo clínico do Metropolitano, Pedro Monteiro, foi um dos profissionais envolvidos na construção da intervenção psicoeducativa. Ele relatou que os colaboradores já começaram a procurar a Psicologia hospitalar trazendo casos pessoais e familiares. “Nossa equipe está atendendo os funcionários e dando o suporte que eles precisam, não é que façamos terapia com eles, mas realizamos a escuta, orientamos sobre como lidar com a situação e os encaminhamos para os devidos serviços que podem estar assistindo da melhor forma essas pessoas”, pontuou o psicólogo, acrescentando que a Psicologia hospitalar do Metropolitano sempre coloca sua própria assistência à disposição para os servidores.
De acordo com Pedro, ainda é importante se atentar as diferenciações do que a própria literatura traz sobre o que seria o pensamento mórbido, a ideação suicida e a tentativa de suicídio. “O pensamento mórbido começa a ser identificado quando a pessoa não tem mais perspectivas de vida, ela tende a falar sobre despedida e sobre morrer. A ideação suicida é quando ela começa a planejar algo que pode gerar a sua morte e a tentativa de suicídio é quando ela executa o ato”, esclareceu o psicólogo, ressaltando que o indivíduo que vivencia tais experiências pode apresentar sinais explícitos ou implícitos, verbais e não verbais.
Mudanças de comportamento de forma abrupta ou gradual e distanciamento social, segundo Pedro, são alguns sinais não verbais que podem ser observados. O profissional traz algumas orientações sobre como ajudar quem estiver passando por esse momento. “O importante é legitimar o que a pessoa está falando, ou seja, dar importância e credibilidade. Validar esses sentimentos, permitindo que a pessoa fale, não precisa concordar ou discordar. Também é importante lembrar a ela das coisas que a conectam à vida, seja um animal de estimação, uma pessoa importante, uma tarefa em relação ao trabalho e ao estudo, isso pode motivá-la a se conectar novamente com a vida e reduzir o risco de uma tentativa de suicídio”, afirmou Pedro.
Ao final da intervenção psicoeducativa, os profissionais compartilharam com os colaboradores os canais de contato do Centro de Valorização da Vida (CVV) que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio. O CVV atende voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, e-mail e chat 24 horas todos os dias. Acessando este link é possível consultar todos os canais de contato do CVV.
Setembro Amarelo: Desde 2014, a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM), organiza o Setembro Amarelo. Em 2022, o lema é “A vida é a melhor escolha!”. De acordo com a última pesquisa realizada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 foram registrados mais de 700 mil suicídios em todo o mundo, sem contar com os episódios subnotificados. No Brasil, os registros se aproximam de 14 mil casos por ano. Participe da Campanha você também, a vida é sempre a melhor escolha!