Referência em Cardiopatia Congênita, Hospital Metropolitano alerta sobre a importância da busca pelo tratamento adequado
“É importante conscientizar a sociedade como um todo, principalmente as famílias que têm alguma criança com cardiopatia congênita, a buscar o tratamento. A maioria das cardiopatias são resolvidas e a criança pode levar uma vida normal”, esse foi o alerta do cirurgião cardiovascular do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, Daniel Magalhães, para este dia 12 de junho que é alusivo à Conscientização das Cardiopatias Congênitas, uma anormalidade na estrutura do aparelho cárdio circulatório que pode surgir nas primeiras oito semanas da gestação, momento em que é formado o coração do bebê, causando insuficiência circulatória e respiratória.
A unidade hospitalar, pertencente à rede estadual de saúde e gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde – PB Saúde -, é referência em cardiopatia congênita desde 2018 e já salvou a vida de várias crianças. Somente este ano, já foram realizados 148 procedimentos no atendimento pediátrico, entre medicina intervencionista, por meio de cateterismos, à cirurgias cardiológicas, beneficiando crianças do Litoral ao Sertão do Estado, à exemplo do Anthony Gabriel, de apenas um ano, da cidade do Lastro, no Sertão. Ele nasceu com um defeito do septo atrioventricular (ao invés de terem quatro válvulas no coração, ele tem uma válvula só que fica no lugar da válvula mitral e da válvula tricúspide) e realizou a cirurgia no Hospital Metropolitano na última sexta-feira (7).
Conforme Débora Cristina, mãe do Anthony, ela descobriu a patologia no final da gestação e quatro dias após o nascimento, ele foi diagnosticado com um sopro. Mesmo com os diagnósticos, ela afirmou que seu filho sempre foi muito ativo e nunca apresentou os sintomas correspondentes à doença. Débora disse ainda que, apesar do medo da cirurgia, não hesitou em buscar o tratamento adequado e enfatizou às famílias a fazerem o mesmo.
“Agradeço todo o apoio que recebi do Hospital, desde que cheguei aqui fui bem assistida. Estou muito feliz pelo sucesso da cirurgia e se não fosse pelo serviço oferecido, eu não saberia o diagnóstico do meu filho. Mesmo com medo e com receio, entreguei a vida do meu filho a Deus e aos médicos e digo a todas as famílias que tiverem alguma criança cardiopata que façam o mesmo”, agradeceu Débora.
Quem também buscou o tratamento no Hospital Metropolitano foram os pais da Ana Lívia, de dois anos, diagnosticada com Comunicação Interventricular com Hiperfluxo Pulmonar (uma abertura ou orifício na parede que divide os ventrículos direito e esquerdo, permitindo a passagem do sangue de uma câmara a outra, quando este fluxo não deveria existir). Segundo o pai da paciente, Anderson Leonardo, a filha é acompanhada desde que nasceu e precisou fazer a cirurgia para que a doença não fosse irreversível. Ele contou que ela tem dificuldade em ganhar peso, a altura não é adequada, além das constantes crises de cansaço. E apesar do medo da cirurgia, confia que tudo vai dar certo devido o Hospital ser referência. “A expectativa é que tudo seja resolvido e que ela não tenha problemas no futuro. Nosso maior medo é a cirurgia, mas como o hospital é referência nos deixa mais tranquilos e confiamos que vai dar tudo certo”, pontuou Anderson.
Segundo o cirurgião cardiovascular, Daniel Magalhães, o diagnóstico para as cardiopatias congênitas pode ser feito tanto intraútero, por meio do ecocardiograma fetal, que consegue identificar alterações a partir de 18 semanas de gestação, com tempo ideal entre 24 e 30 semanas de gestação, como após o nascimento, por meio do ecocardiograma torácico ou transesofágico. Ele afirmou também que na maioria dos casos a cirurgia pode ser totalmente corretiva, resolvendo completamente a situação clínica do paciente e ressaltou: “muitas vezes as famílias não sabem que a criança tem uma cardiopatia congênita, e por isso quando a família perceber que a criança tem alguma dificuldade de crescimento, algum tipo de alteração é bom procurar o pediatra para verificação. O diagnóstico precoce é muito importante para a cura da doença”.
Conforme a coordenadora de cardiologia pediátrica da unidade hospitalar, Lara Dantas, os tratamentos cirúrgicos mais comuns realizados no Hospital Metropolitano são: correção de comunicação interatrial, comunicação interventricular, ligadura de PCA, correção de tetralogia de fallot e shunt sistêmico pulmonar.
“Na grande parte das cardiopatias, após o tratamento o paciente tem uma vida absolutamente normal, inclusive pode fazer atividades físicas, quando liberadas pelos médicos, ou seja, ele tem grandes chances de ter uma vida perfeita”, frisou a gestora
Já o hemodinamicista e responsável pela Cardiologia Intervencionista em Cardiopatias Congênitas do Hospital Metropolitano, Fabrício Pereira, afirmou que algumas cardiopatias podem ser corrigidas por meio do cateterismo, evitando o procedimento cirúrgico, como por exemplo o fechamento de comunicação interatrial (CA) e a persistência do canal arterial (PCA). Mas que dependem de alguns critérios. “Não são todos CA ou PCA que serão corrigidos com o cateterismo. É preciso toda uma avaliação clínica, realização de exames para definirmos o tipo de procedimento. Cada caso é um caso e por isso o paciente deve passar primeiro pela consulta no Ambulatório”, explicou Fabrício.
O hemodinamicista enfatizou que é bastante comum os pacientes só identificarem a cardiopatia congênita na fase adulta, principalmente as pessoas na faixa etária entre 40 e 50 anos, uma vez que no período em que nasceram não era comum a realização dos exames preventivos.
O serviço de hemodinâmica de cardiopatias congênitas funciona todas às segundas-feiras pela manhã e são atendidos em média 12 pacientes por semana. Para ter acesso, a coordenadora do Ambulatório, Patrícia Monteiro, informou que o paciente precisa ir à uma unidade de saúde de qualquer município paraibano e receber o primeiro atendimento. A unidade emitirá uma Autorização de Procedimentos Ambulatoriais que será levada para a regulação municipal. A Regulação Municipal enviará um e-mail com a solicitação para Regulação Estadual que irá agendar o atendimento no ambulatório do Hospital Metropolitano.
Conforme dados do Ministério da Saúde, a cada mil nascidos vivos são registrados dez casos, aproximadamente, 29 mil crianças nascidas por ano com cardiopatia congênita e cerca de 6% delas morrem antes de completar o primeiro ano de vida. Na forma grave da doença após o nascimento, ela pode ser responsável por 30% dos óbitos no período neonatal.