Primeiro transplantado do coração na Rede Pública da Paraíba volta ao Hospital Metropolitano para conscientizar pacientes e familiares sobre a importância da doação de órgãos

 In Transplantes

Willis Pereira tem 60 anos e estava na fila de transplante até março deste ano, quando recebeu uma nova chance de viver: o coração de um jovem de 20 anos que teve a morte encefálica confirmada após sofrer um acidente. Este foi o primeiro transplante de coração feito por uma instituição pública de saúde na Paraíba, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde – PB SAÚDE.

Adriana Haydêe é coordenadora de Enfermagem da Pediatria do hospital, e tem uma história em comum com Willis. Ela também se beneficiou do “sim” de uma família que resolveu doar um órgão de um ente querido para beneficiar outras pessoas, em um ato de caridade. Ela recebeu as córneas de um paciente com morte encefálica, que permitiu-lhe continuar a trabalhar, por sua vez, salvando outras vidas.

Willis e Adriana foram apenas dois beneficiários da doação de órgãos, mas além deles, existem atualmente 447 pessoas na Paraíba que aguardam na fila única para transplantes, segundo os dados da Central de Transplante da Paraíba. Destas, 248 aguardam transplante de córneas, 182 aguardam por rins, 15 por fígado e 2 por coração.

Para tentar mudar essa realidade e reduzir essa fila, o Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires tem realizado ao longo do mês de setembro a campanha “Setembro Verde”, que visa sensibilizar as pessoas para a importância da doação de órgãos e conscientizá-las de que sem doação, não há transplante.

Nesta terça-feira (27), Dia Nacional da Doação de Órgãos, uma equipe da Central Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Transplante de Tecidos (CIHDOTT) fez uma ação abordando pacientes do ambulatório do hospital e distribuindo folders informativos sobre a doação.

“O trabalho é feito de pessoa a pessoa, explicando como funciona a doação de órgãos e explicando da importância deste ato. As pessoas que estão na fila de transplante podem ter uma segunda chance de vida, ou da melhora da qualidade de vida, de ficar mais tempo com seus entes queridos, recebendo os órgãos de um paciente que teve a morte encefálica e pode doar”, explica Patrícia Monteiro, coordenadora do CIHDOTT do Hospital Metropolitano.

Durante a tarde, houve uma palestra no auditório da unidade, ministrada pela cardiologista Tauanny Frazão, coordenadora do Transplante Cardíaco do Metropolitano, com o tema “A Importância da Doação de Órgãos”.

“Existe uma fila única que só vai poder andar através da doação. A gente sensibiliza as pessoas mostrando que mesmo diante de um momento trágico, como é a confirmação da morte encefálica de um ente querido, é possível transformar este momento em bênção, em vida. Com a doação dos órgãos e tecidos de apenas um paciente, é possível salvar e transformar a vida de até outras 10 pessoas”, disse Tauanny.

Foi durante a palestra que conhecemos a história de vida da coordenadora de Enfermagem da Pediatria do hospital. “Eu sou transplantada. Receber a doação de córneas para mim significou muito. Como sou enfermeira, imaginava não poder mais exercer minha profissão, e isso me angustiava, assim como a minha família. Até que fui listada na fila única para transplante e tive um doador compatível. E uma família sensível à causa. Por isso, busco conscientizar outras pessoas, até minha própria equipe de trabalho, do quão fundamental e significativo é para outros receber o SIM da família doadora”, descreveu emocionada.

Willis, o primeiro paciente a receber um transplante de coração na Rede Pública de Saúde na Paraíba também esteve no Metropolitano nesta quinta-feira para dar o seu testemunho. “A pessoa que me deu o coração foi muito generosa A mãe dele disse que, em vida, ele havia deixado claro que seria doador de todos os órgãos. Quando ele sofreu o acidente automobilístico que causou a morte encefálica, de imediato a mãe disse o sim para a doação e eu fui o privilegiado em receber o coração. Hoje bate em mim o coração deste rapaz de 20 anos e eu só tenho a agradecer pelo amor que ele teve ao próximo”, relatou.

Para Tauanny, os doadores são verdadeiros heróis. “Várias pessoas estão agora com prognósticos reservados, que vão viver um, dois ou até três meses, e estão internadas em hospitais com uso de medicação para se manter vivas, esperando um coração, por exemplo. É preciso que todo mundo entenda que doar órgão é salvar vidas, por isso que a gente é tão grato às famílias que entendem essa importância e dão o sim, autorizam o transplante. É um ato de generosidade, e eles são os nossos heróis, de fato”, completou.

As ações do Setembro Verde seguem na quinta-feira (29), com uma videoaula para as equipes assistenciais do Metropolitano, com o tema “Protocolo de Morte Encefálica”, com o neurologista Rafael Gonçalves.

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